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domingo, 23 de janeiro de 2011

Edú Lobo - Missa Breve - (1973)

Edu Lobo entrou na música brasileira quando esta ainda estava sob o impacto do surgimento da bossa nova. Começou a ter visibilidade junto ao público quando ganhou dois festivais: um em 65, com Arrastão (parceria com Vinícius de Moraes) e outro 67, com Ponteio (parceria com o poeta Capinam).

Em seguida Edu ingressou na chamada segunda geração da Bossa Nova, aquela mais dedicada aos temas políticos. Nessa fase ele lança Arena Canta Zumbi (com Gianfrancesco Guarnieri) e Upa Neguinho (imortalizada na voz de Elis Regina). Lançou também discos em companhia de Maria Bethania (66) e Hermeto Pascoal (Cantiga de Longe, de 70).

Entre 69 e 71 morou nos Estados Unidos. Sua volta foi marcada pelas gravações do disco que muitos consideram o mais importante de sua carreira: Missa Breve. A idéia vinha de Carlos Lyra que pretendia um conjunto de canções de protesto no formato de uma missa agrária. Lyra não levou o projeto adiante, mas Edu fez algo diferente: reservou todo o lado B do disco lançado em 73 à missa e conjugou o formato popular a um clima litúrgico que é preservado no fato de as letras serem em latim.

Embora isso tenha de certo modo tornado a missa um tanto hermética aos padrões de consumo normais, acabou enriquecendo a obra que contava entre outros, com Milton Nascimento na música Oremus. O segundo tema da missa, Gloria, talvez tenha sido uma das peças mais inspiradas de toda a discografia de Edu Lobo. Ela sintetizou o espírito dessa Missa Breve.

O próprio Edu à época, modestamente afastou de si a intenção de soar como um compositor de veleidades eruditas, mas a missa não o circunscrevia a isto. Ao contrário, ampliava sua importância enquanto compositor popular naquele momento histórico.

O lado A contém canções mais convencionais, mas chamar Vento Bravo e Viola Fora de Moda de "convencionais" soa um tanto equivocado. São temas que poderiam pertencer a qualquer coletânea que pretendesse representar a música brasileira dos anos 70. O mesmo poderia se dizer das demais que completam esse lado. Porto do Sol denota uma certa influência de Egberto Gismonti. Dois Coelhos repete a antiga parceria com o cineasta Ruy Guerra.

Para Edu, o disco Missa Breve representou uma grande liberdade, na medida em que pôde, pela primeira vez, ter total autonomia sobre a gravação, sem a necessidade de fazer concessões. Se as músicas de Missa Breve não têm o apelo popular daquelas que ganharam os festivais dos anos 60, com certeza marcam uma nova fase na carreira do compositor. Anos depois ele novamente conseguiria um enorme sucesso de público em parceria com Chico Buarque: O Grande Circo Místico.


Lado A
01 - Vento Bravo (Edu Lobo - Paulo César Pinheiro)
02 - Viola Fora de Moda (Edu Lobo - Capinam)
03 - Porto do Sol (Edu Lobo - Ronaldo Bastos)
04 - Zanga Zangada (Edu Lobo - Ronaldo bastos)
05 - Dois Coelhos (Edu Lobo - Ruy Guerra)
Lado B - Missa Breve
01 - Kyrie (Edu Lobo)
02 - Gloria (Edu Lobo)
03 - Incelensa (Edu Lobo - Ruy Guerra)
04 - Oremus (Edu Lobo)
05 - Libera nos (Edu Lobo)

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